Eleições afogadas por fake news


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Com o título “Eleições afogadas por fake news”, eis o Editorial do O POVO:

Causou grande impacto na opinião pública nacional a matéria da Folha de S. Paulo, publicada ontem, dando conta de que empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra um dos candidatos à corrida eleitoral (o do PT) através do WhatsApp, difundindo inverdades (fake news) sobre suas propostas e atingindo sua honra pessoal e a de seus familiares. Cada contrato encampado por empresários chegaria a R$ 12 milhões, em flagrante violação da legislação eleitoral (caixa 2). Isso possibilita o financiamento de disparos de centenas de milhões de mensagens aos eleitores, fazendo-lhes uma verdadeira “lavagem cerebral” em favor do candidato Jair Bolsonaro (PSL), segundo a constatação da investigação jornalística.
Esta se deparou com a articulação de uma grande operação para ocasionar uma onda gigantesca de fake news na semana anterior ao segundo turno. Como isso ocorre? As empresas compram um serviço chamado “disparo em massa”, usando a base de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital – o que também seria ilegal, pois a legislação eleitoral proíbe compra de base de terceiros, só permitindo o uso das listas de apoiadores do próprio candidato (números cedidos voluntariamente). Ao utilizarem bases de terceiros, essas agências oferecem segmentação por região geográfica e, às vezes, por renda. Isso permite fornecer ao cliente relatórios de entrega contendo data, hora e conteúdo disparado. Às vezes, as bases de usuários são fornecidas ilegalmente por empresas de cobrança ou por funcionários de empresas telefônicas.
Outro recurso é a geração de números estrangeiros automaticamente por certos sites que seriam repassados para administradores e participantes de grupos. Com códigos de área de outros países, sobretudo EUA, esses administradores escapam dos filtros de spam e das limitações impostas pelo WhatsApp, fazendo chegar a mesma mensagem automaticamente para até 20 pessoas ou grupos de até 256 integrantes. A isso se adicionam algoritmos que segmentam os membros dos grupos entre apoiadores, detratores e neutros, e, desta maneira, conseguem customizar de forma mais eficiente o tipo de conteúdo que enviam.
Ou seja, esses procedimentos poderão resultar em distorção e comprometimento do processo eleitoral, o que seria grave para o destino da democracia brasileira. O sistema de Justiça é chamado a dar uma palavra sobre essa grave denúncia. A Nação precisa estar tranquila quanto à lisura de uma decisão que terá consequências incontornáveis sobre a vida de cada um de seus cidadãos. A democracia deve estar acima de tudo.

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Eleições afogadas por fake news BLOG DO CARLOS DEHON Rating: 5 sexta-feira, 19 de outubro de 2018

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