Chacina de Messejana completará 2 anos neste sábado. Barbárie está longe do desfecho



Desencadeada por uma sequência de revanchismos e acertos de contas originados numa discussão banal, a maior chacina da história de Fortaleza completará dois anos no próximo domingo, 12. Quando o relógio marcar 0h25min, terão se passado 731 dias do momento em que as quatro primeiras vítimas foram sumariamente executadas, na rua Lucimar de Oliveira, no Curió, bairro cujo nome foi atrelado de maneira inesquecível a uma tragédia sem precedentes locais.
Conforme os autos do processo, em 12 de novembro de 2015, numa ação contínua, que durou aproximadamente 3h30min, um grupo de policiais militares assassinou outras sete pessoas, feriu gravemente mais três e praticou três torturas físicas e uma tortura psicológica. Uma verdadeira barbárie que repercutiu internacionalmente e ficou conhecida como Chacina da Grande Messejana ou Chacina do Curió.
Entre o momento em que o primeiro tiro foi disparado e o acatamento da denúncia que levou 44 PMs à prisão, se passaram nove meses e 15 dias. Neste intervalo, considerado razoavelmente rápido, havia uma pressão da sociedade civil e do próprio Governo do Estado para que os autores dos crimes fossem levados à Justiça. Mas, apesar do tempo desde o episódio, a expectativa é de que, judicialmente, o caso ainda se arraste por anos.
Depois do acatamento da denúncia, veio o encarceramento preventivo dos militares, no que se configurou como a maior prisão em massa de PMs ocorrida no Ceará, durando oito meses e 24 dias. Nesse período, o trâmite processual se manteve célere, em razão dos prejuízos que poderiam ser causados àqueles que, futuramente, por ventura, fossem considerados inocentes.
Com a revogação das prisões, os mais prejudicados com a demora nos julgamentos serão os familiares das vítimas, que ainda aguardam um desfecho. “Enquanto eles estavam presos, nós mantínhamos a esperança de que essa situação tivesse um final em breve. Com a soltura, isso deve se arrastar por muitos anos”, confidenciou ao O POVO uma das fontes ligadas ao caso, que pediu para não ser identificada.
Até a última terça-feira, 7, o processo, que tramita na 1ª Vara do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua, desmembrado em três ações, acumulava quase 28 mil páginas e aguardava a manifestação do Ministério Público do Ceará (MPCE), que se posicionaria sobre os recursos impetrados pelos 34 réus que foram pronunciados pelos magistrados que atuam no caso. Pela decisão, eles serão levados a júri popular. Todos, porém, recorreram. O MPCE informou, contudo, que entregaria os documentos ainda nesta semana.
Por sua vez, o Ministério Público também apresentou recursos especiais, solicitando que os outros dez réus, impronunciados pelos juízes, fossem novamente incluídos e levados a júri. A manifestação das defesas também estaria sendo aguardada. Além disso, a possibilidade, em tese, de que embargos sejam impetrados junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) afasta, ainda mais, a possibilidade de um desfecho próximo.
(O POVO – Repórteres Thiago Paiva e Igor Cavalcante

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