Projeto entre entidades retoma a cultura algodoeira no Cariri



05 DE JUNHO, TERÇA-FEIRA
Até meados da década de 80, o Cariri contribuiu para manter o Ceará como o segundo maior produtor de algodão no Brasil. Agora, através de incentivos e atuação conjunta, o projeto Ouro Branco, criado pela Universidade Federal do Cariri (UFCA), vislumbra novas possibilidades da cotonicultura a nível estadual. Somente em Várzea Alegre, o maior município participante da iniciativa, foram distribuídas sementes para 40 agricultores, com a perspectiva de plantio de 120 tarefas. Além dele, participam do projeto Acopiara, Altaneira e Icó. O projeto conta com o apoio de entidades como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Ceará (Ematerce).
De acordo com o professor Sebastião Cavalcante, que coordena a iniciativa, a participação dos agricultores acontece no decorrer de todas as etapas. Desde o início das ações, já foram realizados seminários nas prefeituras participantes e nivelamento com os técnicos envolvidos, assim como o plantio de áreas de algodão irrigado para produção de sementes em Várzea Alegre; descaroçamento do algodão com máquina cedida pela Embrapa Algodão; plantio de 84 hectares de algodão nos municípios integrantes do projeto, além de Salitre e Lavras da Mangabeira.
O gerente da Ematerce em Várzea Alegre, Evilásio José, explica que a entidade acompanha, orienta e busca incentivar o produtor no decorrer de todo processo. “Nossa participação é de mobilização com os agricultores, reunião com a Universidade e Embrapa, ir a campo com os agricultores. Sempre em conjunto. Já foi feito seminário sobre o algodão em Várzea Alegre e depois o acompanhamento da colheita e venda também”, explica. A Prefeitura, conforme explicou o gerente, foi quem comprou e repassou as sementes para os produtores, que já começam a ver os primeiros resultados.
O secretário de Desenvolvimento Agrário e Econômico de Várzea Alegre, Cícero Izidório, acredita ser possível a retomada do crescimento da cotonicultura na região e no Estado, através de incentivo por parte do governo. “Com a praga do ‘bicudo’, os agricultores não tiveram apoio e perderam o estímulo para produzir”, explica, fazendo referência ao declínio da cultura após ataques de pragas nos anos 80. “Portanto, é uma forma de resgatar uma prática que fez parte da economia e da cultura dos agricultores cearenses”, completa.
Conforme informou Gildo Pereira de Araújo, técnico da Embrapa Algodão, antes mesmo do bicudo chegar à região, já havia usina parada por motivos como a seca e crise financeira. “Nós, do semiárido, ainda não conseguimos a volta de um plantio sistemático e duradouro. Sempre estivemos enfrentando alguns problemas”, afirma. Ele assegura que o algodão, pelas características climáticas, é uma cultura que certamente traz muitos benefícios e se adapta perfeitamente às questões dos solos e de altas temperaturas existentes no Cariri. Até mesmo o Governo do Estado sinaliza interesse em novos investimentos, como através do Programa de Modernização da Cultura do Algodão.
Em relação à colheita dentro do projeto no Cariri, Gildo cita problemas como o maquinário e a disponibilização de mão-de-obra. As áreas no semiárido são pequenas e, de maneira geral, apresentam relevo, o que dificulta colheita mecânica com as máquinas disponíveis atualmente. Já a colheita manual, que oferta muitos empregos, encontra empecilhos nos direitos trabalhistas, muitas vezes negligenciados. “O que nós da Embrapa estamos trabalhando é uma adaptação de uma máquina para colheita de uma linha, adaptada a um trator pequeno, que colha em pequenas áreas em que o relevo não seja adequado para grandes máquinas. Isso já está em fase de desenvolvimento e a gente espera levar a campo para fazer os testes”, finaliza.
Fonte: Jornal do Cariri

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