Tasso, o isolamento e o general forasteiro



Atualizado, às 09:57
Da Coluna Política, do jornalista Henrique Araújo, no O POVO desta terça-feira:

Comunicada ontem, a ida de Domingos Filho (PSD) para a base de Camilo Santana (PT) tem dois efeitos práticos – ambos devastadores para a oposição ao petista no Ceará. Um, fortalecer a reeleição do governador, cujo leque de partidos aliados cresce à medida que o pleito se aproxima. O segundo: ofuscar o lançamento do candidato adversário General Theophilo. Foram dois coelhos com uma cajadada só.
Apenas oito meses depois de perder a batalha que travou com o grupo dos Ferreira Gomes contra a extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Domingos volta ao seio do governismo. O retorno, cedo mas não inesperado, isola Tasso Jereissati (PSDB), que já havia amargado deserção de Eunício Oliveira (MDB), e cria dificuldades extras para o postulante tucano, que agora tem de se virar sem os ex-parceiros.
Não deve ter sido uma decisão das mais fáceis para Domingos. Em dezembro de 2016, o então presidente do TCM patrocinava uma manobra atabalhoada: o apoio indireto ao deputado estadual Sérgio Aguiar (PDT) na disputa pelo comando da Assembleia Legislativa do Estado. Derrotado, o que se seguiu foi uma blitzkrieg palaciana que não deixaria pedra sobre pedra e cujo desfecho seria o fim do TCM e o ostracismo do próprio Domingos, além da captura de figuras-chave da oposição pelo Abolição, como o deputado Audic Mota (MDB).
A adesão do ex-presidente do TCM ao “cidismo” encerra ainda uma novela cujo enredo se arrastou até outubro do ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) finalmente pôs fim à querela da extinção do TCM, rejeitando por 8 votos a 2 pedido de liminar que defendia a manutenção da Corte de Contas.
De lá pra cá, a oposição no Ceará acumula derrotas em série. Desidratada, vê-se hoje reduzida a vozes solitárias. A demora na urdidura de uma estratégia eleitoral e no lançamento de um nome, combinada à inexpressividade do candidato finalmente escolhido (um forasteiro, a bem dizer), pressagia cenário de estiagem para o bloco oposicionista.
Tasso, que agora reclama de isolamento, tem parcela de culpa nisso. Houvesse acolhido o desejo de seus aliados de que ele mesmo entrasse na disputa contra Camilo, o cenário talvez fosse outro. O tucano, porém, tinha planos mais ambiciosos, entre os quais a briga pela presidência do PSDB. Ao fim da refrega nacional, porém, acabou destituído por um debilitado Aécio Neves. E agora assiste ao esfacelamento do seu grupo. Definitivamente, 2017 não foi um bom ano para o “galego”. E 2018 se mostra, no mínimo, desafiador.
Coluna O POVO

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