Hospitais do Estado carecem de medicamentos e materiais



Falta de medicamentos, materiais de cirurgia e até salários atrasados. Esse é o retrato de algumas unidades hospitalares do Estado. Pacientes transplantados no Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, o Hospital de Messejana, estão enfrentando dificuldades para ter acesso a medicamentos. Outro problema denunciado por profissionais da saúde é a ausência de materiais cirúrgicos, além no atraso de pagamentos de enfermeiros e técnicos de enfermagem. Na manhã de ontem, funcionários da unidade de saúde bloquearam uma das faixas da Avenida Frei Cirilo em protesto pelas dificuldades enfrentadas no hospital.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec) afirma que a situação é semelhante em outras unidades do Estado. Em ofício enviado à Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública, o órgão cita problemas iguais no Hospital Geral de Fortaleza (HGF).
Paula Rodrigues, transplantada do coração, mora em Maranguape e segue, a cada 10 dias, ao Hospital de Messejana para pegar sua medicação. Nas últimas semanas, no entanto, ela esteve no local apenas para escutar o "não temos medicamento". A jovem chegou a se deslocar três vezes à unidade de saúde, sem sucesso. "Eu moro longe. Tenho dificuldades de respiração. Enfrento o sol. Gasto dinheiro que não tenho. Minha família que ajuda. É triste".
Em defesa de enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Estado do Ceará (Sindisaúde) conta que o pagamento dos funcionários do Hospital de Messejana está atrasado desde outubro. "Nossa intenção é chamar atenção da Secretaria da Saúde do Estado. O problema é que, quando os cooperados procuram a direção do Hospital, eles não apresentam perspectivas de pagamento para o que está atrasado, além dos futuros", diz Marta Brandão, diretora do sindicato. Durante o ato na Avenida Frei Cirilo, os trabalhadores decidiram que, não havendo o pagamento dos salários até este sábado (18), na segunda-feira (20), haverá nova paralisação.
A situação atingiu também outras regiões do Estado. No mês passado, um memorando assinado por Carla Suelen Carneiro Soares, coordenadora Médica da Neonatologia do Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, determinou o fechamento dos leitos neonatais. A crescente falta de insumos tais como cateteres, antibióticos, suplementos alimentares, entre outros itens, além da sobrecarga de trabalho e reajuste de plantões dos profissionais da saúde, geraram má condições de trabalho.
A coordenadora comunicou, pelo memorando, que o fechamento da regulação de pacientes para a neonatologia do HRN se daria até que houvesse a redução de pacientes. No informe, a gestora fecha, também, a regulação de gestantes.
Intervenções
O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) informou, em nota, que recebeu ofício dos profissionais de saúde. Segundo o promotor Luciano Percicotti, as entidades serão convidadas na próxima segunda-feira (20) para o repasse de mais detalhes sobre a denúncia e, assim, substanciar futuras ações, como a notificação dos eventuais responsáveis para prestar esclarecimentos. Em seguida, será a vez dos secretários de saúde do Estado e da Prefeitura de Fortaleza.
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou, por nota, que a descontinuidade pontual de alguns insumos médico-hospitalares deve-se a fatores que envolvem o fornecimento, como realinhamentos de preços, atrasos de entrega, requerimentos de troca de marca por parte dos ganhadores das licitações, além de trâmites burocráticos necessários para dar mais segurança ao processo de aquisição.
Sobre o serviço da cooperativa Coosaúde no Hospital de Messejana, a Sesa esclarece que o pagamento reclamado pelos cooperados refere-se ao serviço prestado no período de 21 de setembro a 20 de outubro. "De acordo com o contrato firmado, a Cooperativa precisa prestar contas com o Estado logo após o período do serviço prestado e, a partir da data da prestação de contas, a Sesa tem 30 dias para efetivar o pagamento", diz a nota.
DN

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